sábado, 4 de agosto de 2012

Afirmando a Sanidade - Bispo Robinson Cavalcanti

Afirmando a Sanidade

O Pecado Original, a Queda dos primeiros pais, tornaram enferma a humanidade. A condição humana adquiriu a perecibilidade: adoece, envelhece e morre. A enfermidade tem uma dimensão física, mas, também, uma dimensão psíquica, moral e espiritual. Temos “defeitos de fabricação” em todas elas. Do ponto de vista emocional somos todos neuróticos, e alguns psicóticos.
Reconhecer que se é enfermo – disse alguém – é metade da cura. Os próximos passos seriam o diagnóstico correto e o terapeuta e a terapia adequada.
Jesus Cristo disse que não veio para os sãos, mas para os enfermos!
A narrativa dos evangelhos descreve que traziam a Jesus os endemoniados (possessos, doentes espirituais), os lunáticos (doentes mentais) e os aleijados (doentes físicos). E que a todos ele curava!
Daí se fala que “a Igreja é um grande hospital”, entre cujos pacientes se encontram os próprios terapeutas...
Quanto às enfermidades, não há Igreja neutra, mas podemos perceber a existência de três modelos:
1.     As Comunidades Terapêuticas: a acolhida, o amor, o perdão, o apoio, a solidariedade, o estímulo, a fraternidade, a partilha, concorrem para a cura dos males de várias naturezas, recuperando as pessoas, aproximando-as do modelo sadio do Jesus Cristo-Homem. Esse modelo seria aquele que estaria no coração de Deus;

2.     As Comunidades Patogênicas: o emocionalismo, o culto às personalidades, o legalismo, o moralismo, a manipulação concorrem para desencadear ou agravar patologias individuais dos fiéis, e do conjunto dos relacionamentos. Há estudos estatísticos sobre a presença de egressos dessas comunidades em consultórios e clínicas;

3.     As Comunidades Indiferentes: com uma religiosidade tradicional ou formal, restrita aos ritos e dogmas, sem maiores preocupações com essa dimensão.


Como toda a criação é una, ferramentas de várias disciplinas científicas podem (e devem) ser usadas, de forma interdisciplinar, com os clérigos, visando o bem-estar dos que integram a comunidade de fé, pois somos uma realidade psicossomático-espiritual, e tudo se relaciona com tudo.
Mas, cremos no milagre. Deus não é escravo das leis por Ele mesmo criadas. O maior milagre é a conversão, o novo nascimento, bem como o milagre da santificação, o que não deixa fora o aliviar ou a cura das enfermidades, embora não haja promessa de que todos e em tudo serão curados, nem que a igreja deve apelar para o curandeirismo ou o charlatanismo.
Uma tradição anglicana é o Culto da Bênção da Saúde, onde os ministros ungem os enfermos com óleo abençoado pelo Bispo no Culto da Quinta-feira Santa.
Que nesse Tempo de Quaresma nos penitenciemos por termos concorrido para a enfermidade ou nos omitido da cura, em arrependimento quando temos sido mais comunidades indiferentes ou patogênicas do que comunidades terapêuticas.
Salvação, Santidade e Sanidade são inseparáveis.
 “Deus Todo-poderoso, Tu és a torre forte em quem depositamos a nossa confiança: possam os enfermos que estão sofrendo encontrar descanso em ti; que saibam e sintam que não há nenhum nome debaixo do céu a quem possam recorrer para receber saúde, senão no nome de Cristo, nosso Senhor. Amém” (Livro de Oração Comum Brasileiro – LOCb).
Recife (PE), 09 de março de 2010,
Anno Domini.
+Dom Robinson Cavalcanti, ose
Bispo Diocesano

Nenhum comentário: