Afirmando a Sanidade
O
Pecado Original, a Queda dos primeiros pais, tornaram enferma a
humanidade. A condição humana adquiriu a perecibilidade: adoece,
envelhece e morre. A enfermidade tem uma dimensão física, mas, também,
uma dimensão psíquica, moral e espiritual. Temos “defeitos de fabricação” em todas elas. Do ponto de vista emocional somos todos neuróticos, e alguns psicóticos.
Reconhecer
que se é enfermo – disse alguém – é metade da cura. Os próximos passos
seriam o diagnóstico correto e o terapeuta e a terapia adequada.
Jesus Cristo disse que não veio para os sãos, mas para os enfermos!
A
narrativa dos evangelhos descreve que traziam a Jesus os endemoniados
(possessos, doentes espirituais), os lunáticos (doentes mentais) e os
aleijados (doentes físicos). E que a todos ele curava!
Daí se fala que “a Igreja é um grande hospital”, entre cujos pacientes se encontram os próprios terapeutas...
Quanto às enfermidades, não há Igreja neutra, mas podemos perceber a existência de três modelos:
1. As Comunidades Terapêuticas:
a acolhida, o amor, o perdão, o apoio, a solidariedade, o estímulo, a
fraternidade, a partilha, concorrem para a cura dos males de várias
naturezas, recuperando as pessoas, aproximando-as do modelo sadio do
Jesus Cristo-Homem. Esse modelo seria aquele que estaria no coração de
Deus;
2. As Comunidades Patogênicas:
o emocionalismo, o culto às personalidades, o legalismo, o moralismo, a
manipulação concorrem para desencadear ou agravar patologias
individuais dos fiéis, e do conjunto dos relacionamentos. Há estudos
estatísticos sobre a presença de egressos dessas comunidades em
consultórios e clínicas;
3. As Comunidades Indiferentes: com uma religiosidade tradicional ou formal, restrita aos ritos e dogmas, sem maiores preocupações com essa dimensão.
Como
toda a criação é una, ferramentas de várias disciplinas científicas
podem (e devem) ser usadas, de forma interdisciplinar, com os clérigos,
visando o bem-estar dos que integram a comunidade de fé, pois somos uma
realidade psicossomático-espiritual, e tudo se relaciona com tudo.
Mas,
cremos no milagre. Deus não é escravo das leis por Ele mesmo criadas. O
maior milagre é a conversão, o novo nascimento, bem como o milagre da
santificação, o que não deixa fora o aliviar ou a cura das enfermidades,
embora não haja promessa de que todos e em tudo serão curados, nem que a
igreja deve apelar para o curandeirismo ou o charlatanismo.
Uma
tradição anglicana é o Culto da Bênção da Saúde, onde os ministros
ungem os enfermos com óleo abençoado pelo Bispo no Culto da Quinta-feira
Santa.
Que nesse Tempo de Quaresma
nos penitenciemos por termos concorrido para a enfermidade ou nos
omitido da cura, em arrependimento quando temos sido mais comunidades
indiferentes ou patogênicas do que comunidades terapêuticas.
Salvação, Santidade e Sanidade são inseparáveis.
“Deus
Todo-poderoso, Tu és a torre forte em quem depositamos a nossa
confiança: possam os enfermos que estão sofrendo encontrar descanso em
ti; que saibam e sintam que não há nenhum nome debaixo do céu a quem
possam recorrer para receber saúde, senão no nome de Cristo, nosso
Senhor. Amém” (Livro de Oração Comum Brasileiro – LOCb).
Recife (PE), 09 de março de 2010,
Anno Domini.
+Dom Robinson Cavalcanti, ose
Bispo Diocesano
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